Por que escrevi “STF- Como chegamos até aqui?”

Na gravação do programa BM&C News, com Carlo Cauti, a primeira pergunta que ouvi dele foi: “Por que você resolveu fazer este livro?“.

É uma pergunta simples, que todo autor de livro precisa saber responder. No caso deste livro, a ideia não foi minha.

Como expliquei para o Carlo, um amigo meu sugeriu que eu escrevesse o Guia Politicamente Incorreto do STF.

Como eu já tinha escrito o Guia Politicamente Incorreto da América Latina, com o Leandro Narloch, eu poderia muito bem usar a mesma fórmula, para outro assunto: a nossa Corte suprema.

Minha reação imediata foi rejeitar a ideia: “Você está louco? Eu vou ser preso!“.

Como o leitor dessa mensagem já constatou, dois anos depois da conversa com esse amigo (ele pediu o anonimato), o livro está pronto, mas saiu com outro nome: “STF – Como chegamos até aqui?“.

Então, acho que devo algumas explicações.

A primeira é que, quando uma ideia boa aparece, eu não consigo me livrar dela. Não sou uma pessoa que desiste fácil de projetos. Pelo contrário, me torno escravo deles. Vou até o fim. Tanto é que já escrevi e traduzi oito livros. E fico super feliz que o selo da Avis Rara, da Faro Editorial, tenha topado publicar meus projetos!

Por que eu sou assim? Talvez seja simplesmente uma necessidade meio doentia de preencher o vazio na cabeça, de pensar em algo novo, diferente, que prenda a minha atenção.

A segunda é que a sugestão do meu amigo acabou suscitando várias perguntas. Escrever o livro foi uma maneira de responder a elas.

Afinal, no país em que eu vivo, uma pessoa pode ser presa simplesmente por escrever um livro sobre o STF?

Eu acho que não. Vivemos em uma democracia, com liberdade de expressão.

Claro, conheço a situação da imprensa no Brasil, onde hoje impera uma autocensura tremenda. Entre os poucos jornalistas independentes que ainda temos, são poucos os que se atrevem a criticar os abusos do Supremo Tribunal Federal.

Mas, a despeito disso, ainda se faz jornalismo vigilante e independente no Brasil. São poucos os programas e veículos que prestam, mas eles existem. Eu, como jornalista da revista Crusoé, de O Antagonista, tenho muita liberdade em escrever e comentar as notícias.

Então, entendi que eu poderia apontar os problemas da Corte de maneira quase didática, aproveitando o fato de que escrever um livro permite um aprofundamento maior nos temas. Dá para consultar vários especialistas e fazer mais leituras para embasar os argumentos.

Meu trabalho ao escrever o livro, então, não seria muito diferente do que tenho no meu dia a dia.

Claro, existem riscos. Mas eles não são maiores do que aqueles que são enfrentados diariamente pelos jornalistas do Brasil todo.

No mais, acho que tem um ponto importante, que discuto brevemente no último capítulo do meu livro: “Sobre o que é histórico“.

A liberdade não é bem um direito, mas um fim que se conquista a todo momento.

Não adianta nada ter liberdade e não exercê-la. Um cidadão da Venezuela pode acreditar que tem liberdade, mas se ele entende que não pode criticar o ditador Nicolás Maduro em público, então essa liberdade é totalmente ilusória.

Para que se possa ter de fato liberdade, então é preciso exercê-la. E foi o que eu fiz.

Boa leitura!

PS1: Para quem ficou curioso, a Gazeta do Povo publicou o primeiro capítulo, aqui.

PS2: No Estadão, o Diogo Schelp publicou um resenha, aqui.

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